terça-feira, 22 de novembro de 2011

O universo gay nos livros infantis

OLA A TODAS E A TODOS, ENCONTREI ESSA POSTAGEM INTERESSANTE NESSE SITE
de http://www.homorrealidade.com.br/2011/11/o-universo-gay-nos-livros-infantis.html
CREIO QUE POSSA SER INTERESSANTE PARA QUEM TEM INTERESSE EM EDUCAÇÃO INFANTIL, E POR ISSO ESTOU ENCAMINHANDO....
BEIJOS A TODAS E A TODOS....

Por Élio Farias/ Equipe Homorrealidade

Muitos adultos, pais e professores, especialmente os que ainda guardam certos preconceitos, se debatem contra a visibilidade LGBT com a seguinte questão: Como explicar isso para as crianças?

Para esses e para qualquer adulto, um bom conselho é apostar na literatura infantil e juvenil, que vem trazendo bons títulos envolvendo personagens com orientação sexual ou identidade de gênero diferentes da maioria. São livros em que a temática LGBT começa a ser tratada de forma descomplexada e respeitosa, incentivando a interação saudável entre pessoas diferentes e combatendo a discriminação sexual. São livros válidos para crianças e adultos, dando um exemplo de respeito à diversidade. Embora alguns títulos não sejam facilmente encontrados nas livrarias, sempre há opções de compra pela internet. Seguem alguns exemplos:

PARA OS PEQUENOS:


Título: Meus Dois Pais


Os pais de Naldo se separam, e ele fica morando com a mãe. Depois de um tempo, seu pai passa a dividir o apartamento com Celso, um amigo que cozinha muito bem. A mãe do menino recebe uma proposta de promoção, mas precisa mudar de cidade e não quer que o menino troque de escola no meio do ano. Naldo não consegue entender muito bem por que a mãe e a avó não querem que ele fique morando com o pai. A história procura mostrar que as pessoas podem ser diferentes, porém o mais importante é ter uma família que seja amável.

Título: Olívia Tem Dois Papais



Olívia é uma menina esperta, que sabe bem o que quer e tem plena noção de como usar algumas palavras para conseguir o que deseja. Quando tem de ficar sozinha enquanto os pais trabalham, ela diz que está muito 'entediada'. Como não gosta de ver a filha 'entediada', papai Raul para imediatamente de trabalhar e, quando percebe, já está deitado no chão ao lado dela, brincando de filhinho e mamãe, ou cercado por um monte de bonecas. Para chamar a atenção de seu pai Luís, Olívia fala que está 'desfalecendo', afinal de contas, desfalecer de fome é uma coisa muito séria, e Luís é o melhor cozinheiro da família. 'Intrigante' é outra palavra de que Olívia gosta muito, isso porque todas as coisas do mundo são muito intrigantes para ela. Olívia quer saber, por exemplo, como seu papai Raul sabe brincar de boneca e seu papai Luís cozinha tão bem. Quer saber também como vai aprender a usar maquiagem e sapatos de salto alto, se na casa dela não mora nenhuma mulher.


Título: O Menino que Brincava de Ser

Autor: Georgina da Costa Martins
Editora: DCL
Ano: 2000

Dudu, um garoto de seis anos, adorava brincar de ser. De ser fada, princesa e principalmente bruxa. Seus pais ficam preocupados com a situação. Querem descobrir se há como alterar o comportamento do filho, que consideram anormal. Mas o menino conta com o afeto de sua avó. Isso o ajuda a não se intimidar perante os obstáculos. Quer continuar a ter o direito de brincar de ser e de sonhar. Esse livro permite a discussão de temas delicados, como o preconceito e a intolerância, e retrata as conseqüências que a falta de diálogo pode causar à vida familiar.

PARA PAIS E EDUCADORES:

Título : Era uma vez um Casal Diferente - A temática homossexual na educação literária infanto-juvenil


Autora: Lúcia Facco
Editora: Edições GLS
Ano: 2009

A obra de Lúcia Facco procura analisar a literatura infanto-juvenil do ponto de vista dos processos de formação social. Ao perceber como as escolas refletem a intolerância da sociedade, a autora decidiu investigar o processo de manipulação política contido na manutenção de velhos e ultrapassados currículos escolares, analisando como os textos literários trabalhados pelos educadores podem contribuir para a formação de estudantes pensantes. O resultado é um estudo acerca da violência embutida na relação político-social entre oprimidos e opressores. Ao final da obra, um caderno de atividades especialmente direcionado a professores apresenta sugestões para trabalhar em sala de aula. Lúcia Facco é graduada em Letras (Português-Francês), especialista e mestre em Literatura Brasileira, doutora em Literatura Comparada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), crítica literária e escritora.

EM OUTRAS LÍNGUAS


Também encontramos uma reportagem com outros títulos em inglês, para quem tem domínio no idioma. Os livros são antigos, pois a reportagem é de 2006, mas sabemos que boa literatura nunca tem data de validade. Clique aqui e acesse o conteúdo.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Blog com vários filmes com temática LGBT


Ola galera encontrei esse blog com links para baixar vários filmes com a temática LGBT.
Legal e baixar o filme assistir e depois adquirir o filme no Estante Virtual, afinal de contas maioria deles esta la por menos de R$ 20,00 (Abaixo a pirataria neh kkk)
Vale a dica...
Abraço a todas e a todos

Prof. Reinaldo Kovalski de Araujo

http://gayload.blogspot.com/

http://www.cocaepipoca.com/search/label/RSC%20GLS

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

VIDEOS DA CAMPANHA: ESCOLA SEM HOMOFOBIA

ESTOU POSTANDO OS VIDEOS QUE RESULTARAM EM TANTOS PROTESTOS MORALISTAS E HIPÓCRITAS REFERENTE AO COMBATE A HOMOFOBIA NAS ESCOLAS.


VÍDEO 01 (PROBABILIDADE)
http://www.youtube.com/watch?v=ibORExrwVuk&feature=related

VÍDEO 02 (TORPEDO)
http://www.youtube.com/watch?v=uCrGvYQxnOM&feature=related


VÍDEO 03ENCONTRANDO BIANCA
http://www.youtube.com/watch?v=VbmU121q0sM&feature=related


ABRAÇOS A TODAS E A TODOS

Textos de Teatro para discussão de Gênero e Sexualidade


Ola amigos
Estou reservando esse tópico para postar alguns textos de teatro que podem ser usados nas aulas para se discutir as questões de Gênero.
Lembrem-se professores, antes de realizar qualquer trabalho Cênico estudE o texto, discuta com os alunos. O ato teatral deve ser livre e metódico ao mesmo tempo para que possa resultar em um bom trabalho.
Caso você tenha algum texto que gostaria de dividir conosco, mande-me, ficarei muito feliz em publica-lo. Abraços a todas e todos


HELP ME TONI
AUTORA: CLEUZA BRANDÃO
(pseudômino de Cleuza Cubas Ribeiro Brandão)
ESTILO: Comédia musical
DURAÇÃO: 01h
CENSURA RECOMENDADA: 16 anos
SINOPSE
Drag queen Kelly vai a uma balada e conhece rapaz interessante. Entre um drink e
outro, acabou acontecendo. No day after, Kelly desconfia de que ficou grávida (piração)
e resolve fazer um exame de gravidez. Desesperada, telefona para Toni, conta o que
aconteceu. Diz que só vai ler o resultado do exame na frente dos amigos mais íntimos.
A reunião começa e enquanto Toni não chega, a conversa segue confusa (os convidados
falando de AIDS, Kelly falando de gravidez).
LINK DO TEXTO: http://www.abglt.org.br/docs/help_me_toni.pdf

O DIÁRIO DE MINERVA
AUTORA: CLEUZA BRANDÃO
(pseudômino de Cleuza Cubas Ribeiro Brandão)
SINOPSE
Tragicomédia que trata do drama de uma transexual feminina em busca de emprego. Em seu
pequeno apartamento, ela cria o seu próprio mundo de fantasias, vivendo uma dupla
personalidade: Hermes (corpo) e Minerva (alma). Além de Dr. X, um boneco de pano que se
transforma em seu psicanalista. Nesse mundo de fantasias, Hermes é seu melhor amigo, mas
os dois lutam pelo mesmo espaço. Quem sobreviverá?
LINK DO TEXTO : http://www.abglt.org.br/docs/O%20DIARIO%20DE%20MINERVA.pdf

terça-feira, 26 de julho de 2011

AGRESTE - TEXTO TEATRO

SEGUE O TEXTO SOLICITADO POR ALGUNS PROFESSORES, O MESMO TRABALHADO NAS OFICINAS DA UTFPR E NOS NÚCLEOS INTINERANTES...


AGRESTE (MALVA ROSA)

NEWTON MORENO
(ADAPTADO)


CONTADOR 01
Ele andava muito para encontrá-la. Mas quando se viam, ficavam, no mínimo, a cinco metros de distância. Nem Um centímetro a mais ou a menos, sempre uma cer¬ca os separava.

CONTADOR 02
Ela sorria de um lado, ele, do outro.

CONTADOR 03
Ele deixava uma flor na cerca, ela ia bus¬car. Ela deixava seu perfume na cerca, ele ia buscar.

CONTADOR 04
Erarn tímidos como caramujos. Preca¬viam-se. Se chegassem muito perto, Deus sabe o que aconteceria. Tinha.alguma coisa no amor deles que não devia acontecer. Mas aconteceu

CONTADOR 05
Por meses, anos. Eles e a cerca.
Ele deixava um beijo na madeira do cer¬cado, ela colhia

CONTADOR 06
Foram, se estreitando. Chocando sua in¬timidade. Confiavam um no outro, que nem a terra na chuva

CONTADOR 07
Ele deixava sangue no arame da cerca ela ia enxugá-lo.

CONTADOR 08
Às vexes, podia demorar um mês para se encontrar. Ela deixava um pedaço de chita do vestido, ele amarrava na enxada. Era lavrador no Nordeste do país. Reino de areia e de sede. Era honesto. Forte. De pele marcada. Não dá para saber a idade. Eram como rochas velhas secan¬do na espera. Sua cultura era o sol. Sua família era o sol.

CONTADOR 09
Ele deixava cuia. Ela colocava cuscuz. Ele comia, sorrindo. Ele devolvia a cuia e ela ia bus¬car e... descobriram um furo na cerca!!!

RUBRICA
Os atores que representam o casal estudam o buraco, cada um do seu lado. Tempo.

CONTADOR 10
incertos. Fingiram não vê-lo. Era um buraco enorme como o sertão. Fingiram por uma se¬mana. Duas. Um mês. A dúvida.

CONTADOR 02
Mas o buraco crescia, como querendo se exibir. A cada vez que voltavam, es¬tava maior.

CONTADOR 03
E eles de butuca no furo. Parecia um açu¬de, tentando-os com sua água escura, escura, cor de enigma.

CONTADOR 04
Se ele tocasse nela? Se ela aceitasse ele?
Às vez, é preciso muita coragem para dar um passo.

CONTADOR 05
Naquela manhã, ela foi sozinha. Firmou-se fren¬te ao buraco. Tomou coragem e cruzou.

CONTADOR 06
Respirou, deu um passo, dois. Parecia um astronauta movimentando-se pela primeira vez na Lua

CONTADOR 07
Uma cri¬ança brincando onde não devia.O que ela não sabia, era que ele estava lá. olhando-a boquiaberto detrás do arbusto. Ela dançava grunhia, sujava-se de terra.

CONTADOR 08
Quando se perceberam, paralisaram. Mas muito, muito tempo. Ele ultrapassou o limite dos 5 metros, aos poucos. Alcançou o hálito ner¬voso dela. Talvez 45 centímetros. Atravessaram!

CONTADOR 09
Correram. De tanta euforia e medo. Levantan¬do uma nuvem de poeira por onde passavam. Uma nuvem como há muito o Nordeste não via.

CONTADOR 10
Fugiram para longe.
Pensaram: chegariam no mar.
Chegariam, se tivessem corrido esse tan¬to de chão pró outro lado.
Avexaram-se no passo com medo de mu¬dar de ideia. O medo deu pressa. As lágrimas dela marcam no chão um caminho.

CONTADOR 01
Num determinado ponto, deram-se as mãos e tranquilizaram-se.

CONTADOR 02
Perfuraram o Brasil mais fundo. Desmon¬taram dos pés no meio da seca. E pensaram que não devia existir urn lugar mais árido que Aquele. Mas o Nordeste surpreende a gente. Vai ter sempre uma rês mais murcha e um filho mais moribundo. O peito arfava de contentamento e pavor. Era como se inspirassem alegria e expiras¬sem receio. Uma pausa de um silêncio pesado.

CONTADOR 03
Desviavam olhares, cabisbaixos. Não que¬riam mostrar a dúvida passeando pelos seus olhos. Pior: não queriam ver nos olhos do outro a dúvida

CONTADOR 04
Voltar? Mesmo se quisessem, não sabe¬
riam como. As pegadas úmidas já nem existiam; foram sorvidas com força per aquela terra sau¬dosa da água.

CONTADOR 05
Deitaram os corpos na sombra de um mandacaru. Na margem do que fora um riacho. O sol já lhes roubara o senso, o tino.

CONTADOR 06
Algo morno crescia na alma. Era um va¬por no forno, no berço, na forma do novo afeto. Estavam à beira de um desmaio. A razão já se afogava com o sol a pino quando urna mu¬lher se desenhava ao longe feito miragem. Veio lenta, feito a justiça. Aproximou-se.

CONTADOR 07
Falava com eles, mas eles não ouviam uma só palavra. Em lugar das palavras, só con¬seguiam escutar os sons das águas. Da sua boca tudo soava gotas de chuva, barreiros cheios, açu¬de vazando, água da calha. Os sons dela eram todos molhados. Ela falava como um rio, aquo¬sa. Foi essa mulher quem os salvou.

CONTADOR 08
Levou ao povoado e tratou de acomodá-los.
Apearam neste arraial. Um pouco de jabá, sombra e água barrenta e recobraram o prumo.
Lá, eles plumaram a vida.

CONTADOR 09
Construíram um casebre.
Cercaram com arame,
Não queriam conhecer os outros, antes de saberem de si.

CONTADOR 10
Ate então, nada das coisas que se permi¬tem marido e mulher. A carne é um compro¬misso mais definitivo. Passou esta cerca, o gado é marcado.

CONTADOR 01
E a noite chegou mais clara que o dia. E os olhos não se prendiam num abraço de jeito maneira. Mas os dois foram se descobrindo aos poucos.

CONTADOR 02
Ela começou pelo seu rosto. Os cabelos dele. Escuros, cabeleira cabocla de filho de ín¬dio brabo. Farto e espesso. Devia de pesar na mão. Devia de quebrar pente fraco.

CONTADOR 03
Ele fazia o percurso inverso. Pôs os olho nos cambito da moça. Urnas canela fina, mas bronzeada, que lhe agradaram os sentido.

CONTADOR 04
E assim se seguiu a malevolente investiga¬ção: ela descendo os olhos, ele subiNdo a vista.

CONTADOR 05
Ela admirava era a dentição dele. perfeitinha. Os dentes que faltavam em cima, ele tinha embaixo; e vice -versa. De modo que quando ele sorria, os dentes se encaixavam num sorriso de um fileira só, mas sem buraco. Mas sorria boni¬to ele!

CONTADOR 06
Uma semana depois, eles se tocaram antes disso so as mãos no meio da correria.

CONTADOR 07
Ouviu-se uma pele rachando na outra acostumando-se um ao outro, deixando o tem¬po passar. Um dia, ela se escondeu embaixo do lençol; ele apagou o candeeiro. Por anos, este fo


o sinal, o código. Sumir-se embaixo do len¬çol. Cobrir a luz, com o escuro. E ele apagou muito aquele pavio.

CONTADOR 08
Como marido e mulher, viveram por vin¬te e dois anos.

RUBRICA
HOMEM DEITADO MULHER AO SEU LADO, VIZINHAS AO REDOR. CLIMA DE FUNERAL.

CONTADOR 09
Morto, ainda vestido para o trabalho, ele dor¬mia sob a mesa da sala. Uns candeeiros velavam o corpo, resguardando sua imagem.

CONTADOR 10
As vizinhas foram adentrando. Vinham fazer quarto pró morto. Já cantavam em suas casas e traziam seus cantos no suspiro da noite.

CONTADOR 01
Todas empregavam as melhores palavras de um parco vocabulário para defini-lo.

VOZES
"Da mais alta estima", "Pareia de Anjo", "Ele¬gante como Jesus", "íntegro como urna rocha".

CONTADOR 02
Era o mais elaborado do seu idioma. O resto
era oração e cântico.
Uma vizinha sentenciou triste:

VIZINHA 01
Ele desapareceu a ela

CONTADOR 03
Eram um casal benquisto. Discreto. Pouco fes¬tivos. Trabalhadores. Sem filhos. Nem seus no¬mes eram conhecidos. Seu Zé, Dona Maria, chamavam eles.

CONTADOR 04
Quieta. A noite parecia uma pergunta di¬fícil. Armava um bote uma arataca.

CONTADOR 05
A sala povoou de mosquito e de mulher. Nunca tão farta. Nem de um, nem de outro. Os homens explodiam seus sentimentos em rojões. Segredavam às estrelas saudades e esti¬ma. Desenhavam lágrimas de luz no céu.

CONTADOR 06
O padre estava a caminho para a extre-ma-unção. Amuada e com fome, a viúva remen¬dava o terno puído para o enterro. O que deve¬ria vesti-lo no casamento. Alguém lhe trouxe um pedaço de cuscuz com leite. Estacionou agulha e linha e comeu. Construiu uma figura triste. Do nada, irrompeu num careta grotesca e chorou. É muito triste uma mulher comendo e chorando. Ainda mais viúva. Comeu até a úl¬tima gota. Levantou-se e caminhou ate Jesus. Beijou o quadro na altura do coração. A vela apagou-se, só se via a luz no coração de Cristo. Deus!! Jogaria terra sob o morto. Murmuran¬do, pedia força para fazê-lo.

CONTADOR 07
Um cortejo entornou na cama o corpo. Cabisbaixos, retiraram-se. O silêncio. Um silên¬cio quc esfriava o sangue e que parecia nunca mais ir embora.

RUBRICA
VIZINHA 1,2,3,4,5 SE APROXIMANDO DO CORPO

VIZINHA 01
Quer vesti-lo, fia?

VIZINHA 02
Ou quer que nóis ajude?

MULHER
Não. Pode troca.

CONTADOR 08
Um minuto depois, deixou escapar...

MULHER
unca que vi Etevaldo nu.

CONTADOR 09
Revelou. Como se nem ela mesma quisesse ou¬vir aquela confissão.

MULHER
Fechava os olhos quando eLe me machucava.

CONTADOR 10
À noite. No bieu. Através do lenço!, Desoonhe-cia aquele corpo, mas amava-o. Confessou, roxa de vergonha. E era a primeira vez que ela falava com alguém mais que duas sentenças.

VIUVA
Se for pra eu troca, vou ter que apagar o cande¬eiro. Aí vai dar uma trabalheira da gota serena.

CONTADOR 01

Pediu que ficassem. Virou de costas e instru¬mentalizou-as com o Terno. Recolhida. Como se houvesse alguma indecência em ver o marido nu. As velhinhas vestideira começaram a descas¬cá-lo com técnica e indisfarçável contentamento.

VIZINHA 03unc
Quanta virtude, meu amor.

VIZINHA 04
...Quem nunca viu não sabe o que é.

VIZINHA 05
"Veste esta mortalha Quem mando foi Deus; Quem mando vestir Foi a mãe de Deus,

VIZINHA 01
Amarre este cordão Quem mando foi Deus; Quem mandou marra Foi a mãe de Deus

VIZINHA 02
Calça esse saparo . :
Quem mando foi Deus;
Quem mando calça
Foi a niãe de Deus

VIZINHA 03
Bota no caixão (ou rede) Quem mando foi Deus; Quem mando Bota...

VIZINHA 04
Oxente, cadê?.

VIZINHA 05
Maria de Deus, cadê a trouxa?

CONTADOR 02
Assustou-se a velha.

VIZINHA 01
Faz. tempo que eu num vejo um, mas isso aqui
não é peru.

VIZINHA 02
Não se avexe não. Espie melhor. Procure direito.

CONTADOR 03
De costas, a viúva se perguntava ...

VIUVA
Que trouxa?

VIZINHA 03
Deve de tá escondido. As vez tem que ajudar
pró bichinho florescer.

VIZINHA 04
Mulé, ou eu perdi a vista de vez ou a piroca dele é do tamanho de um cabelo de sapo,

VIZINHA 05
Deixe eu lhe ajudar

VIZINHA 01
Menina, ca.de a biíola?

VIZINHA 02
...a bilunga?

VIZINHA 03
...a bimba?

VIZINHA 04
....o ganso?

VIZINHA 05
...:a macaca?

VIZINHA 01
....a peia?

VIZINHA 02
...o maranhão?

VIZINHA 03
...a manjuba?

VIZINHA 04
a macaxeira?

VIZINHA 05
....a pomba?

VIZINHA 01
....o pororó?

VIZINHA 02
o quiri? Olhe ali.

VIZINHA 03
Não, não tá.

VIZINHA 04
Creio em Deus Pai Todo Poderoso..

VIZINHA 05
Olhe A teta.

VIZINHA 01
Menino, isso parece uma piriquita

VIZINHA 02
Creio em Deus Pai, mulher. É um tabaco.

VIZINHA (todas) 01,02,03,04,05
Ë mulher.(gritando) o marido dela é mulher, é mulher é mulher, o marido dela é femea...
(SAEM DO PALCO)

VIUVA
(Sempre de costas ) Posso me virar?

CONTADOR 04
Súbito, uma multidão fez fila na porta do quar¬to. Uma mulher despida sob a cama e outra de costas olhando o retrato de Jesus.
A viúva não entendia nada. Não enten¬dia a morte. Não entendia homem. Naquele momento, só entendia a perda. Incrédulos, al¬guns faziam o sinal da cruz, outros se pendura¬vam na janela para procurar atentos pelo peru. Já havia quem tomasse partido dela.


VOZES
"Foi enganada a coitadinha. A sem-vergonUa
iludiu a bichinha.'7

CONTADOR 05
Outros mais radicais:

VOZES
"Elas vieram foi rugida para sujar nosso lugar
com essa mundiça, coisa do diabo"

CONTADOR 06
Facções se formavam e a notícia galopava.
Nisso, o padre chegou e foi direto cobrir o defunto, ou melhor, a defunta. Expulsou a todos. Trancou-se mais ela. Ressuscitou um can¬deeiro. Tomou coragem várias vezes para falar algo. Ponderado, começou:

PADRE
Minha filha, você dormiu com uma mulher.

MULHER
Não, seu padre, eu dormi com Etevaldo. E nun¬ca que gostei. Sabia que num devia.
PADRE
Creio em Deus Pai.

MULHER
É por isso que o senhor tá brabo?

PADRE
Não

MULHER
Dormimo junto porque ele gostava. Mas ele me jurou casamento. Se o senhor quiser, eu me caso com ele morto mesmo. O vestido tá aqui guar¬dado.

PADRE
Não é ele, mocinha. Ë ela.

VIUVA
É Etevaldoí Benza ele, benza,

PADRE
Nunca!

VIUVA
Benza; padre, eíe é devoto de Santo António.
Temente a Deus. Queria até casar na Igreja.
PADRE
Vou rezar por você.

MULHER
Por mim, não, padre. Reze por ele. Ajude ele a morrer.

PADRE
Não posso. Morreu em pecado escuro.

MULHER
Dê descanso a sua alma.
Abençoe o sono dele.

PADRE
Não posso! Todo mundo sabe que eu vi sem roupa.
Eles sabem que eu sei que ele é mulé. Pelo menos se tivesse me chamado antes, nos teríamos feito de outro jeito. Ninguém tomaria conhecimento, minha filha. Já enterrei gente que nern você e ela.... Gente que mor¬reu fazendo menos barulho. (Pausa) Você o ama?

MULHER
Num sei o que é isso não. Eu queria ir mais ele.

PADRE
Que Deus lhe abençoe. (SAI DO PALCO aos gritos)
Herege! Herege!!

CONTADOR 07
Estatelada no chão, viu o padre sair da casa. Levantou-se a custo. A casa estava vazia agora. Escura. Agarrou-se ao candeeiro. Cobriu seu marido. Sem investigar-lhe a nudez. Incomo¬dou-a estar só. Queria cantar para ouvir alguém. Não sabia se Jesus estava com ela ou não. Tinha Deus como uma certeza, mas às vezes achava que Deus podia aparecer, tomar um café, enro¬lar um Rimo. Ficar mais íntimo. Gritos rodea¬vam a casa.

VOZES
"Belzebu!".

CONTADOR 08
O delegado apareceu na porta dela com o policial.

VOZES
"Filhas do DeMO

VOZES
Mulesta da pesteí"

DELEGADO
A senhora provocou uma desordem arretada nos arredores. Sabe quem eu sou? Num me conhe¬ce, não? Pois eu sou o delegado. Vim a mando do Coronel Heráclito, conhece? Conhece, sim.
Trabalhou nas terra dele. Foi ele quem lhe deu sustento.

POLICIAL
Disseram que a senhora nunca que pegou bucho.
Uns até desconfiavam, mas acharam que a gala de seu marido era rala. Coronel num gostou de saber de sua historinha, não.
Mandou vim ver de perto essa sem-vergonhice. A senhora deve de saber que ama¬nhã findando o enterro, a senhora vai presa. Isso quer dizer depois que a senhora arranjar um lu¬gar para enterrar seu macho

DELEGADO
(OLHANDO NO CAIXÃO)
Menino, não é que ele é mulher mesmo? Mas é feio feito um macho. E tu ainda tratou bem dessa muié. Tá gorda que nem filho de la¬drão quando o pai tá solto. E tu num sabia, que coronel num gosta dessa esfregação de fêmea com fêmea. Sua saboeira safada. Amanhã, na cadeia, a senhora vai conhecer macho para nunca mais se confundir.

POLICIAL
E para gente num se confundir, para todo mundo saber quaí é a tua raça, coronel quer lhe marcar a cara, como deve se ser feito com codas as vacas do rebanho. (Sai o delegado e o policial)

CONTADOR 09
Ela se sentia um prato de comida estragada. Uma carniça. Um penico. Um escarro. Uma doença. Um pus. Um cancro. Uma gota. Suja, suja, imunda. E não entendia porque. Não ti¬nha cabeça para entendimentos.
Se pudesse falaria no ouvido de Deus. Cantou sua fé com devoção sincera, o que dá no mesmo. Olhe, Música e Deus ninguém vê.

CONTADOR 10
Queria estar com a mãe, queria ter ido no lugar dela quando morreu. Assim como troca¬ria de lugar com Etevaido agora.

VOZES :
Raparigas...
Muie macho...
Filhas do demo...

CONTADOR 01
Foi só delegado sair latindo pela caatin¬ga, e os gritos voltaram. Um grupo velou a ma¬drugada inteira com impropérios, xingamentos, escárnios, maldições, pragas. Criaram um ódio.
Desenterraram a pior parte deles

CONTADOR 02
Desenterraram as piores palavras da língua.
Nem bem a madrugada se punha, tran¬caram portas e janelas da casa delas. Enver¬gonhavam-se delas. Queriam apagá-las de suas memórias. Cercaram a casa. Enterravam-nas vivas.

CONTADOR 02
Não se sabe quem foi, quantos eram. Nem quem acendeu o primeiro fósforo. Come¬çaram a incendiar o casebre.
Mal sabiam que, dentro, a viúva agrade¬cia a benção de morrer com Etevaido.
Temia muito mais viver sem ele, por cer¬to. Tinha cantado bonito, Deus tinha lhe ouvi¬do afinal. O fogo já empenava as paredes.

CONTADOR 03
Mesmo assim, a viúva acendeu o cande¬eiro Viu-se por inteiro peia primeira vez. Des¬cobriu então o que era mulher. Pôs-se aO lado de Etevaldo.
Beijou-o.. Abriu-lhe os olhos no meio do beijo, en¬quanto o fogo ganhava a casa inteira.

CONTADOR 04
O dia amanhecia e as fagulhas resistiram queimando por dias. Cinzas. Silêncio. As fagu¬lhas, em suspenso, como um eco, pairavam, sobre varias gerações.
VOZES
"Uma lavadeira,
um beija-fulô.
Lavava os paninhos
De Nosso Sinhô.
Quanto mais lavava
Mais sangue corria,
Nossa senhora chorava
E o judeu sorria..."

Cruel, A natureza é
Dá o sol na desmedida
Dá um corpo na desmedida
Dá o amor na desmedida.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

filmes sobre relações de gênero e diversidade sexual.

Ola Caras (os) Amigas (os), Alunas (os) e colegas de pesquisa.
Uma professora havia me solicitado a indicação de algum filme que trabalhasse com a temática relações de Gênero e diversidade Sexual, então estou enviando algumas dicas para que possam ser apreciados.
Não fiz nenhuma censura, há trabalhos bons e trabalhos péssimos, cabe ao professor pesquisador realizar a seleção dos melhores trabalhos para sua prática docente.
Lembre que nem todos os filmes e documentários, principalmente tratando do tema gênero e diversidade sexual, são apropriados para exibição em sala de aula, cabe ao professor selecionar o melhor material, e sempre possibilitar a apreciação crítica do trabalho audiovisual.
Havendo alguma duvidas é so mandar e-mail.
Cordial abraço
Relação de Filmes que discutem as relações de gênero e diversidade sexual.

101 Rent Boys
A
A Gaiola das Loucas - 1978
A Gaiola das Loucas - 1996
A Lei do Desejo
A Razão do Meu Afeto
A Última Festa
Acho Que Sou
AIDS - Aconteceu Comigo
Aimée e Jaguar
Alma de Poeta, Olhos de Sinatra
Almas Gêmeas
Amor e Restos Humanos
Amor Entre Iguais
Amor, Valores e Compaixão
Amores Possíveis
Ânsia de Amar
Antes do Anoitecer
Aqui Entre Nós
Armadilha Selvagem
As Duas Faces do Zorro
Ascensão e Queda de Madame Royale

B
Beleza Americana Bent
Berlin Affair Bonecas de Ferro
Bound Corky

C
Caravaggio
Carne Fresca
Carrington
Chuck & Buck
Corações Apaixonados
Crash - Estranhos Prazeres
D
Delicada Atração
Desejos Proibidos
Deuses e Monstros
Diário Roubado
Dois Tiras Meio Suspeitos
Domingo Maldito
Dr. T e as Mulheres
Drag Queen - Uma Paixão de Outro Mundo
E
E a Vida Continua..
E o Michê Vestia Branco
Eclipse de Uma Paixão
Edward II
Entre Amigos
Entrevista Com o Vampiro
Eu Sou Assim
F
Fazendo Amor
Félix de Bem Com a Vida
Felizes Juntos
Festim Diabólico
Filadélfia
Furio
G
Genet em Chantila
Garotos de Programa
Gotas D’Água em Pedras Escaldantes

H
Happy, Texas Henry e June
I
It’s in The Water
J
Jeffrey Jogo Perigoso
K
Kika
Kiss Me Guido
Krámpack
L
La Confusion des Genres
Labirinto de Paixões
Ligadas Pelo Desejo
Loucas Noites de Batom
M
Madame Butterfly
Mandragora
Maurice
Maus Hábitos
Melhor é Impossível
Memórias de Um Espião
Meninos Não Choram
Meu Marido de Batom
Meu Querido Companheiro
Minha Adorável Lavanderia
Minha Vida em Cor-De-Rosa
Morango e Chocolate
Morte em Veneza
N
Não Conte a Ninguém
Navalha na Carne
Nijinski
Ninguém é Perfeito
Noites Felinas
Nossos Filhos
Nunca Fui Santa
O
O Amor Não Tem Sexo
O Banquete de Casamento
O Beijo da Mulher Aranha
O Beijo Hollywoodiano de Billy
O Celulóide Secreto
O Einstein do Sexo
O Expresso da Meia-Noite
O Fantasma
O Marido Ideal
O Oposto do Sexo
O Padre O Paizão
O Par Perfeito
O Princípio do Amor
O Que Eu Fiz Para Merecer Isso ?
O Rio
O Talentoso Mr. Ripley
Oi ! Warning
Os Ladrões
Our Ladies of Assassins
Outra História de Amor
O Casamento do Meu Melhor Amigo
O Casamento

P
Paciente Zero
Parágrafo 175
Parceiros da Noite
Pink Flamingos
Pink Narcissus
Plata Quemada
Por Favor, P
osso Ser Seu Salsichão ?
Princesa
Priscilla, a Rainha do Deserto
Procura-se Amy
Q
Querelle
Questão de Sensibilidade

R
Relações Delicadas
Rick e Steve, O Casal Gay Mais Feliz do Mundo
Ritos de Passagem

S
Saindo do Armário
Satyricon- Segunda Pele
Seis Dias, Seis Noites
Sem Regras Para Amar
Será Que Ele É ?
Servindo em Silêncio
Só Uma Vez
Sobrou Pra Você
Sociedade dos Poetas Mortos

T
Tabu
The Broken Hearts League
The Crying Game The Delta
The Next Best Thing
Three to Tango
Tirando o Couro To Wong Fo, Obrigado Por Tudo, Julie Newmar
Tomates Verdes Fritos
Traídos Pelo Desejo
Transpoiting T
rês Formas de Amar
Tudo Sobre Minha Mãe

U
Um Caso de Amor Um Dia de Cão
Uma Cama Para Três Under Heat
Urbania

V
Vida Nua V
itor, Vitória
Vive L’Amour

X
Xxy
v
Vida Nua
Vitor, Vitória
Vive L’Amour

Fonte: ABGLT