quarta-feira, 8 de julho de 2009

ENTÃO NEH...


Sabe ainda falando da dor da existência

Realmente a dor da existência existe! Depois que postei falando sobre o Michel Jackson e a dor do existir, decidi postar um pequeno texto que escrevi no ano passado. Para quem não me conhece desenvolvo pesquisa acadêmica em torno de gênero e sexualidade, e esse texto partiu de uma reunião com um grupo ativista LGBT onde ficou claro uma “dor da existência”, é claro que afeta na maioria das vezes as pessoas que estão fora do padrão heteronormativo. O texto trata da homofobia internalizada.

Faculdade de Artes do Paraná.

Grupo de estudos: Gênero e sexualidade

Orientação: Guaraci Martins.

Ao assistir a uma reunião do grupo de apoio GLBT “Dignidade” (o grupo reúne GLBT´s para discutir temas referentes ao grupo tais como: preconceitos, medos, direitos entre outras coisas sempre procurando a politização das múltiplas sexualidades), deparei-me com um tema ainda não refletido por mim: a homossexualidade interna, ou seja, o preconceito contra si mesmo ou a auto repressão/ opressão pela sua sexualidade.

Nesta reunião o grupo discutia justamente o tema homofobia internalizada, e presenciei relato dos participantes que consciente ou inconscientemente já passaram ou ainda passam por este problema. Muitos relatos foram colocados como sintomas da homofobia interna, entre eles o fato de se sobrepor social ou intelectualmente perante a sociedade para justificar sua orientação sexual (sou gay, mas sou inteligente, sou lésbica, mas sou rica, sou bi, mas sou bonito etc), casos de tentativa de explicações fisiológicas ou “naturais” para as diversidades sexuais, e ate relatos de auto destruição, como sexo sem prevenção e abuso de drogas e álcool, e suicídio. Muito me surpreendeu o caso apresentado por um dos participantes que veemente tentava impor para o grupo sua teoria de que a “explicação” para as múltiplas sexualidades poderia ser encontrada na ciência ou na natureza, as ânsias por encontrar uma explicação “natural” para sua orientação, esquecendo do sujeito sócio cultural, e colocando nesta esperança racionaria do sexo todo seu sujeito.

Entretanto a homofobia internalizada está presente em simples casos como em brincadeiras realizadas pelos próprios homossexuais, ou ainda negação de seus direitos políticos e sociais (como por exemplo, gays que são veementemente contra a união civil entre pessoas do mesmo sexo, adoção de crianças, etc).

Interessante destacar se a luta pela igualdade política entre os gêneros já encontra barreira quando o sujeito lida com o preconceito exterior, maior será esta barreira se ela for interior, pois será muito mais difícil lutar contra os seus próprios princípios. Como vencer a opressão se ela e criada pelo próprio oprimido?

Boal em seu livro “Arco-íris do desejo” comenta sobre as instâncias da opressão, e nos faz refletir sobre como o conjunto dos preconceitos formado pelas instituições e pelos sujeitos a parte leva a uma interiorização de uma opressão do oprimido contra si mesmo, estas na maioria das vezes fatal, pois o individuo tem o em suas mãos o oprimido (ele mesmo), em uma luta interna, psicofísica altamente destrutiva.

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